sábado, 9 de junho de 2007

INTERPRETAÇÃO

A primeira parte refere-se ao período em que o homem dá-se conta de sua ignorância e parte para uma procura, para uma busca.
Antes de entrar para um Trabalho, Religião ou Escola, o homem, psicologicamente, é uma coisa disforme que se assemelha a uma sombra que vaga pela vida sem meta nem objetivo. Dentro dele há um caos. Não há ordem, nem harmonia. A única coisa realmente sólida nele é seu corpo, representado por Gaia, a Terra.
Nas profundezas da Terra, ou seja, dentro do corpo existe Tártaro, região obscura onde moram as sombras, e também Eros que representa a sensualidade , o apego à vida material, o amor pelas coisas do mundo.
De dentro de Caos, isto é, em meio à confusão, brotando do vazio que é o homem surge o Érebo e a Noite.
Isto quer dizer que dentro de si há um amontoado de coisas disformes, sem lógica, sem vida e sem alma. São seus "eus" mecânicos, suas emoções negativas, seus ódios, ressentimentos, mágoas, vícios, maus hábitos, com os quais se identifica e não consegue vê-los tais como são de verdade e por isso seu interior parece uma noite muito escura. Ele não vê nada com clareza. Nada sabe. É um pobre ignorante, arrastado pelo turbi-lhão da vida...
Da união entre a Noite e o Érebo nascem o dia e o Éter (ar luminoso).
Quando o homem percebe sua ignorância; quando consegue observar conscientemente o que se passa em seu interior, então da Noite nasce o Dia. Olhando para dentro de si mesmo lança uma luz em sua alma. E as coisas começam a definir-se dentro de si. E em cima da Terra surge Urano, o Céu estrelado. O homem começa a crer em algo superior. Sua alma enche-se de ideais, representados por um céu estrelado. As Estrelas são as qualidades superiores que existem dentro de si mas que estão muito acima de suas possibilidades. Por elas pode guiar-se na vida. Este símbolo representa também a descoberta que o homem faz da existência de forças superiores controlando seu destino.
Depois surgem as montanhas, que representam momentos de elevação, seus lampejos de Consciência. Cristo sempre subia num monte para pregar . Moisés falou com Deus sobre uma montanha. A arca de Noé pairou sobre um monte. E os rios e o Mar representam as emoções que se agitam como ondas dentro da alma humana. As agitações, os redemoinhos, os desejos, que são como um mar, ora calmo, ora revolto...
Da união entre Gaia,(o corpo físico) e Urano (os ideais do homem e também as influências pla-netárias) nasce uma multidão de gigantes, a maioria deles com um só olho e outros com muitas cabeças e braços. Esses gigantes representam seus desejos, que vêem tudo por um só lado. O lado de sua Religião, Escola, ou Organização Esotérica, que faz com que, apesar do homem não ser mais aquele infeliz que vagava pelo mundo sem rumo, sem meta, ainda se apoia numa base egoísta! Esses gigantes possuem muitos braços, isto é, fazem mil coisas, mas nenhuma delas de forma completa! Ou então possuem muitas cabeças, aqui significando a egrégora, ou corrente da qual ele participa, que é formada por todos os membros de sua ordem religiosa ou filosófica, e também os "eus" diversos e múltiplos que existem dentro dele. Ora é um que fala, ora é outro, e assim por diante.
Surge, então, o Destino!
Destino é uma condição criada pelo homem em seu estado de ignorância. Tudo que o homem pensa, sente, deseja, fala e executa cria e determina sua vida, seus problemas, doenças, dificuldades, azar ou sorte, sua desgraça ou felicidade, sua pobreza ou riqueza. O que um homem é ou possui hoje é o produto do seu passado. Se hoje é pobre, fraco, infeliz, é porque ele mesmo criou essas condições através de pensamentos mal dirigidos, sentimentos mal orientados, palavras mal empregadas, ações deturpadas e impensadas. E se hoje possui alguma coisa a seu favor é porque no passado agiu bem. Pensou, sentiu, desejou, falou e agiu de forma positiva. Isso significa que nada é ao acaso.
A Mitologia fala do Destino como uma criação do Caos e da Noite. Já foi dito que Caos significa confusão de elementos, desordem, desarmonia e a Noite representa ignorância, cegueira, falta de conhecimentos e de iluminação. Enquanto o homem encontra-se nesse estado ele é um joguete do Destino. Um escravo de suas dificuldades, problemas e sofrimentos. E nada pode alterar essa lei. Se um homem não estuda, não se esforça, não trabalha, se não age inteligentemente, só pode aprisionar-se cada vez mais a um mau destino. E nem os deuses podem interferir. Tudo o que um homem pensa, deseja, sente, fala e age, fica gravado em si mesmo, num livro inapagável, e nada pode alterar isso.
Para auxiliar o Destino existem as Parcas, suas filhas. São três. Cloto, Láquesis e Átropos.
A primeira é a que faz girar a roda da vida e fia os destinos humanos. Ela é representada com uma coroa de sete estrelas na cabeça. Essas sete estrelas são os sete Espíritos Planetários que regem a vida de todos os homens aqui na Terra, de cujas influências o homem só pode escapar quando alcança o total conhecimento e domínio de si próprio, ou seja, de seus sete Centros, veículos ou corpos de expressão.
A segunda é a que "tira a sorte". Suas vestes são semeadas de estrelas, para representar as influências dos doze signos do Zodíaco. Conforme os planetas passam pelos signos trazem felicidade ou desgraças ao homem. Trazem prosperidade ou pobreza; fome, devastações, guerra ou épocas de fartura, progresso e paz.
A terceira é a fiandeira, aquela que não pode ser abrandada, a imutável. Representa a lei da causa e efeito, o "destino maduro" ou lei do Karma, de forma que tudo o que o homem cria e faz sempre volta para ele, e nada pode modificar essa lei. Átropos possui roupas negras e fúnebres para re-presentar que é quem mede a duração da vida do homem neste planeta. Corta impiedosamente o fio de cada mortal quando soa a hora, e poder algum proveniente dos deuses ou dos homens pode alterar suas decisões.
Quando o homem nasce, no momento exato em que dá a primeira inspiração, o ar que entra em seus pulmões leva imprimido em si todas as configurações estelares e planetárias do momento de forma que é gravada em sua alma a "ferro e fogo" parte do destino a que estará sujeito pela vida a fora.
Como pode-se notar, a Mitologia é uma filosofia maravilhosa.. Suas lendas falam a respeito do homem. São representações simbólicas e alegóricas de fatos que ocorrem no interior de cada ser humano. Os antigos atribuíram formas às condições psicológicas humanas. Transformaram a alma num palco onde desfilam uma multidão de deuses, monstros, gigantes e seres fantásticos. Por isso o estudo da Mitologia pode ser transformado em pura psicologia!

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